Viagem de trem

por fev 7, 2024

Um dia desses, li um livro que comparava a nossa vida a uma viagem de trem – uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada. Interessante, porque ela é cheia de embarques, desembarques, pequenos acidentes pelo caminho, surpresas agradáveis com alguns embarques, e de tristezas com os desembarques”.

Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão a viagem conosco até o fim: nossos pais, não é verdade? Infelizmente em alguma estação eles desembarcam, e nos deixam órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que também serão especiais para nós: os nossos irmãos, os nossos amigos, os amores que conquistamos…

Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outras fazem a viagem remoendo só tristezas. E no trem há, também, pessoas que passam de vagão a vagão, prontas para ajudar a quem precisar. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer dá conta da sua falta. Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer a viagem separados deles. Mas, é claro que isso não nos impede de, mesmo com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos nos assentar aos seus lados, porque outra pessoas já ocupam aqueles lugares.

Mas a viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques, desembarques e sabemos que esse trem jamais retorna.

Façamos, então, essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que houver de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto eles poderão fraquejar, e, provavelmente, teremos que entender isso. Nós mesmos fraquejaremos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá.

O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada desceremos. E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim! Deixar meus filhos viajando nele sozinhos será muito triste. Separar-me de alguns amigos que nele fiz, do amor que desfrutar de algum assento da minha vida… Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com a bagagem que não tinham quando embarcaram. E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.

Nesse momento o trem diminui a velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta à medida que o trem vai parando… Quem entrará? Quem sairá? Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por algum motivo ínfimo deixaram desmoronar.

Fico feliz em perceber que certas pessoas, como nós, tem a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra, de luta, de saber viver e de tirar o melhor de todos os passageiros.

Agradeço a Deus por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.

Autor desconhecido

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