É a perda de um amor que o descaso desprezou…
É o descarte de uma página que o tempo apagou.
São ouvidos que se fecham e sequer me ouvem os gritos…
São as juras não cumpridas naufragadas no infinito.
É um castelo de areia que o vento desmanchou…
É uma estrela reluzente que do céu abdicou.
É um príncipe encantado que deixou de ser bonito…
É uma festa requintada que termina em atritos.
É um abraço apertado que não quer mais apertar…
É um beijo demorado que não quer mais demorar.
São promessas postergadas que cansaram de esperar…
É a abóbada celeste numa noite sem luar.
É um sonho mal sonhado que se fez, logo, esquecer…
É uma alma angustiada que já não quer mais viver.
É a negridão de uns olhos que deixaram de luzir…
É a contração de uns lábios que não podem mais sorrir.
É a indolência de uns cabelos que não mais esvoaçaram…
É a gelidez de uns lábios que os outros recusaram.
São dois braços, quais os meus, que já não querem abraçar…
É uma boca inanimada que já não quer mais beijar.
É o silêncio de uma voz que para sempre emudeceu…
É uma inércia que separa o seu coração do meu.
É a mudez de uma voz rouca que, aos meus ouvidos, sussurrou…
É a palidez de um rosto que a morte congelou.
Silvio Cayua
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