De agraciado pela vida, por nascer em família de classe alta, a garoto-problema, decepcionando os pais através de reprovações escolares, crises de depressão, fuga de internações psicológicas, envolvimento com drogas, fiascos literários e afins, a compositor de sucesso em parceria com os não menos famosos Raul Seixas, Elis Regina e Rita Lee, Paulo Coelho de Souza, “O Mago”, ou apenas Paulo Coelho, por sua obra, é o nosso Pelé, o nosso Airton Sena da literatura, “doa a quem doer”.
Controvérsias à parte, a verdade é que sua obra é vasta, diversificada e reconhecida internacionalmente como a de pouquíssimos escritores. Nenhum outro escritor brasileiro atingiu tais patamares, tais números… Nenhum outro escritor brasileiro auferiu títulos, premiações e reconhecimentos internacionais tão elevados quanto ele. Destacou-se na esfera musical, cinematográfica, na compilação de seus textos que viraram livros de sucesso como O Manual do Guerreiro da Luz, Maktub, Frases, O Gênio e as Rosas e em adaptações de suas obras para telenovelas, cinema etc. Focalizá-la por inteiro seria pulverizar o vento, motivo pelo qual trataremos, tão somente, da produção literária, o foco desta abordagem.
Estreando como escritor em 1982, através da inexpressiva obra “Arquivos do Inferno” e retornando, em 1985, com “O Manual Prático do Vampirismo”, precisou entender que “ainda não seria daquela vez”, tendo, inclusive, que mandar recolher todos os exemplares do segundo livro posto à venda, sob a argumentação de tratar-se de uma obra de má qualidade.
Mas o sucesso lhe bateria às portas em 1987, um ano após empenhar-se numa peregrinação pelo “Caminho de Santiago de Compostela”, com a publicação da obra intitulada “Diário de um Mago” (um relato dos três meses de peregrinação que fizera), que lhe franquearia as portas de um sucesso que jamais lhe viraria as costas.
A caminhada às alturas daria passos mais largos já no ano seguinte, com a publicação de “O Alquimista”, a sua obra-prima, um título que ostentaria referências como “livro brasileiro mais vendido em todos os tempos”, “um fenômeno literário do século XX”, “primeiro lugar dos livros mais vendidos em 18 países” e venda de 83 milhões de exemplares”. O Alquimista conferiu a Paulo Coelho um assento no renomado Guinness Book of Records como o “autor vivo mais traduzido da história”. Já bem à frente, em 2015, essa obra daria a Paulo Coelho o direito de comemorar um recorde de 7 anos da sua versão norte-americana (Editora Harper Collins) na lista dos livros mais vendidos do Jornal The New York Times.
Outros livros de sucesso publicados a cada 2 ou 3 anos em média, como Brida (1990), As Valkírias (1992), Na Margem do Rio Piedra – Sentei e Chorei (1994), o Monte Cinco (1996), até Hippie, em 2018, o manteriam nas alturas, fato hoje constatado.
Em 25 de julho de 2002, Paulo Coelho foi eleito para ocupar a cadeira de número 21 da Academia Brasileira de Letras, ante a tradição de a referida instituição rejeitar autores de sucesso, vitimando, por exemplo, Carlos Drumond de Andrade, Vinícius de Moraes e Mário Quintana, originando uma interminável polêmica entre os críticos, literatos e uma divisão do público leitor brasileiro entre afetos e desafetos.
O reconhecimento de Paulo Coelho como um sucesso internacional através do Guinness Book of Records, voltaria à baila em 2003, por ocasião da Feira de Livro de Frankfurt, na Alemanha, como o autor que mais assinou livros em edições diferentes, até então.
Particularidades à parte, o fato é que as credenciais de Paulo Coelho dão conta de que ele “ocupa as primeiras posições no ranking dos livros mais vendidos no mundo, que vendeu, até 2018, mais de 350 milhões de livros em mais de 150 países, que suas obras já foram traduzidas para 81 idiomas e que é o autor de língua portuguesa mais vendido de todos os tempos, ultrapassando, inclusive, o grande Jorge Amado, cujas vendas somam 55 milhões de livros, segundo dados disponíveis”.
É um colecionador de premiações internacionais, principalmente, detendo títulos emitidos por países como Espanha, Polônia, Dinamarca, EUA, México, Áustria, Croácia, Alemanha, Hungria, Ucrânia, Sérvia, Itália, França, Iugoslávia etc. e, em alguns destes, mais de uma vez.
Apesar do histórico, e não de um simples currículo, não é raro vermos seu nome enxovalhado em suplementos culturais de muitas publicações brasileiras e alvo de desprezo acadêmico, o que não ofusca a sua chegada ao topo da carreira, já que é óbvio que ninguém chega a tanto se não for, realmente, grande.
Um pensamento de Paulo Coelho:
“O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos”.
Silvio Cayua (Publicado em Policromias nº 11/2020/Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil)
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