Nó do afeto

por abr 18, 2024

Em uma reunião de pais numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível…
Ela pregava que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.
Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque, quando ele saía para trabalhar, era muito cedo, e o filho ainda estava dormindo… Quando voltava do serviço, já era muito tarde, e o garoto não estava mais acordado. Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir, indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo.
Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora emocionou-se com aquela singela história e ficou surpresa quando constatou que o filho daquele pai era um dos melhores alunos da escola.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de as pessoas se fazerem presentes e de se comunicar com os outros. Aquele pai encontrou a sua, que era simples, mas eficiente. E o mais importante, é que o filho percebia através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo.
Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas, e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento – um simples gesto como um beijo, um nó na ponta do lençol, que valiam para aquele filho muito mais do que presentes ou desculpas vazias, ou até mesmo que uma companhia física vazia.
É válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é muito importante que elas saibam.
Para que haja a comunicação é preciso que as pessoas “ouçam” a linguagem do coração, pois, em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por essa razão que um beijo revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro…
As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas SABEM registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó num lençol.

(Autor desconhecido)

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