
Você acredita em destino? Você acredita que, por conta da estrutura familiar favorável onde a vida lhe posicionou ao nascer, você não precisará se preocupar em construir, você mesmo, aquela vida digna com a qual todos sonhamos? Ou, por acaso, você já teria desconfiado de que viera a esse mundo num jogo de cartas marcadas para perder, e que não há muito o que fazer para se livrar dessa sina?
Na hipótese otimista, acreditando n’algo de bom que lhe estaria reservado como um direito, você teria coragem de ficar de bracinhos cruzados, dando tempo ao tempo para que a vida, em algum momento, lhe entregasse o mapa e a chave da porta da mina, assim de mão beijada?
Olha…. Não sei o que lhe passa pela cabeça, mas tem muita gente por aí que não acredita nisso, não, hem…! Muita gente que abriria um discreto sorriso num dos cantos da boca, ante perguntas como as que acabo de lhe fazer.
Um dos maiores pensadores que o mundo conheceu, um cara chamado Gibran Khalil Gibran, disse, numa das suas inusitadas obras:
– “O destino nada mais é que a aberração de submetermos o nosso dia de hoje aos decretos de ontem. E os dias de amanhã, aos decretos de hoje”.
Destino, dizem outros pensadores contemporâneos, não passa de futuro presumido. É, na verdade, a crença numa mera possibilidade de uma tendência natural que pode muito bem não ser confirmada, ou modificada para pior. Algo sem nenhuma garantia, portanto.
E como confiar em garantias de coisas tão distantes? Como confiar em garantias num mundo desses, onde tudo passa cada vez mais rapidamente, e sempre nos deixando de queixo caído?
Assim como no universo tecnológico, onde o que é fato hoje, não mais será amanhã…. Assim como nesse nosso universo social, onde a roda da volubilidade gira de forma cada vez mais frenética, e muda tudo de uma hora para outra… Assim como, pasme, nos próprios universos familiares das sociedades ditas modernas nos dias de hoje, onde os valores de ontem já não são os de hoje, e, só Deus sabe se o serão amanhã…
Então, meu amigo, minha amiga…. Acreditar em destino, em reserva de valores a serem repassados a você, ou serem por você assumidos daqui a dez, vinte, trinta anos, a despeito de qualquer tipo de ocorrência, é correr riscos em demasia. É quase pedir para se decepcionar a qualquer hora, em cores e ao vivo.
Construir, você mesmo, o seu próprio castelo, é muito mais cômodo. Pode acreditar!
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