Comportamento: um homem deve ir em busca da sabedoria, da mesma maneira que um soldado vai para a guerra: com medo, com respeito, e com total segurança. Deve agir como se soubesse aonde está indo, embora na realidade não tenha a menor ideia do que irá encontrar. O que importa é que ele está percorrendo o caminho que escolheu. Nada a perder: um guerreiro considera-se já morto. Como não tem nada a perder, ele segue adiante com alma e com calma. O medo já não consegue tirar sua energia, e ele consegue aplicá-la para viver cada momento com toda a intensidade possível. Um guerreiro tem certeza de que todas as ferramentas para enfrentar as futuras dificuldades estão em suas mãos, e é o uso destas ferramentas, também chamada de “experiência”, que o permitirá superar os obstáculos.
Agindo e conhecendo: um guerreiro sempre é um caçador. Ele calcula tudo e age, depois de refletir bem o que deve fazer. Ninguém consegue obrigá-lo a fazer coisas que não deseja. Ele vive porque age, e não porque pensa que age. Como sabe que está neste mundo apenas por um breve período, ele procura conhecer todas as maravilhas possíveis. Fala pouco, jamais se preocupa com o medo, e assume a responsabilidades de seus atos.
A morte como companheira: um guerreiro caçador sabe que cada decisão pode ser sua última. A morte é sua companheira, sempre sentada do seu lado esquerdo, à distância de menos de um metro. Por isso, vai ao campo de batalha totalmente concentrado em sua vida, sabendo que a maior parte das pessoas está passando de uma ação para a outra sem pensar muito.
Os caminhos são iguais: todos os caminhos são iguais e levam a lugar nenhum. Portanto, o guerreiro escolhe um caminho que tenha vida própria, e a partir do momento em que começa a percorrê-lo, ele se alegra e se transforma no próprio caminho; sua decisão de continuar nele apenas depende da alegria, e não da sua ambição ou do seu medo. Portanto, sempre antes de agir, ele pergunta a si mesmo: “este caminho tem um coração”?
A opinião dos outros: um guerreiro nunca gasta seu precioso tempo pensando na opinião dos outros. Conhece pessoas que acham que são importantes, e por causa disso também são gordas, arrogantes, e sem flexibilidade. Para um guerreiro, a arte do combate deve ser combinada com leveza, ausência de tensão e de ambição. Um guerreiro é gentil com os outros porque, sobretudo, é gentil consigo mesmo.
A intenção: a intenção de um homem não é um pensamento, um objeto, ou um desejo – mas aquilo que o faz seguir adiante, mesmo quando todo mundo diz que será derrotado, ou o que escolheu não fará o menor sentido. Portanto, ter uma intenção clara ajuda um guerreiro a ser invulnerável, a agir como um feiticeiro, que é capaz de atravessar paredes, e atingir o infinito.
A escolha do seu caminho: nada neste mundo é dado de presente; as lições mais importantes são sempre aprendidas com muito esforço e dificuldade. Tendo isto em conta, o guerreiro caçador jamais se desespera, se desgasta, ou perde seu tempo culpando os outros, porque sabe que em cada gesto seu está a responsabilidade de suas escolhas. Um guerreiro não pode reclamar ou arrepender-se: sua vida é uma luta constante, e os desafios não são bons ou ruins – são apenas desafios.
Paulo Coelho
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