Carta à minha mãe: homenagem a uma supermulher!

por nov 8, 2021



Querida mãezinha…

Desculpa-me pelos atropelos da linguagem apressada, mas eu não poderia perder a oportunidade proporcionada por este porta-mensagem preso na perna desta jovem águia a caminho do firmamento, para te mandar notícias minhas, perguntar como vai essa vida de paraíso e pedir perdão por não ter sido capaz de impedir que tão cedo tu me deixasses.

Antecipando respostas às perguntas que deves ter guardado para mim, a saúde do corpo vai bem, a da alma também, mas amor equiparado àquele que tanto me dedicaste eu não encontrei em mais ninguém, o que desanimado me tem deixado.

Abdiquei da morada no cantinho da nossa terra natal onde me deste a luz e me ensinaste a dar os primeiros passos, no entanto retorno periodicamente para revê-lo e reviver as delícias de um passado modesto, mas inesquecível.

Como nos velhos tempos, ainda sigo o teu legado. Teus valorosos exemplos, no direcionamento da minha família, têm sido a tônica de toda a minha trilha. Mas ando cansado em decorrência dos anos contabilizados, ligeiramente debilitado e meio decepcionado com algumas das pessoas que se locomovem ao meu redor.

Nas noites em que me sinto mais desolado, recorro àquelas orações que me ensinaste, pacientemente, agradeço ao Criador por mais um dia de vida, rogo ao meu Anjo da Guarda para que me anestesie as feridas, proteja-me dos percalços da vida e olhe por ti onde quer que estejas.

Encerrado o diminuto ritual, esfrego as solas dos pés, uma na outra, para eliminar resíduos de poeira às vistas de quem me observa, porém, intimamente, faço-o para prevenir pesadelos ao longo da noite, conforme tu me ensinaste.

E assim vou vivendo, dos males me defendendo, e o que me parece correto, fazendo. De muitas coisas aprendi um pouco, ajudo a quem de mim precisa, mas nem sempre meu esforço é reconhecido…. Entretanto como se num jogo estivesse, conforto-me lembrando que um dia serei substituído.

Até a próxima oportunidade, mãe querida!

Reza por mim, nesta complicada vida.

Silvio Cayua

(Texto publicado na I Antologia da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB), Coordenadoria do Amazonas).
 
                                                                

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